Setor de seguros é chave para reduzir perdas climáticas e fortalecer a bioeconomia, indica relatório
- Jezreel Caixeta
- 17 de nov.
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Até 91% das perdas econômicas registradas em determinados eventos climáticos dos últimos anos não estavam cobertas por seguros, deixando famílias, empresas e governos praticamente sozinhos diante de enchentes, secas severas e tempestades que se intensificam com as mudanças climáticas. O dado faz parte de um estudo inédito apresentado na Casa do Seguro durante a COP30, em Belém.
Segundo o relatório “Insurance and Brazil’s Bioeconomy Revolution”, o avanço da exposição a riscos climáticos exige que o setor de seguros seja compreendido não apenas como um instrumento de proteção financeira, mas como agente de indução a práticas sustentáveis e a modelos de desenvolvimento mais resilientes em um contexto de transformação econômica e ambiental. O documento foi desenvolvido pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS), em colaboração com a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), a Marsh (Latin America) e o Climate Resilience Center, do Atlantic Council.
Entre os casos analisados, o estudo destaca as chuvas extremas que atingiram o Rio Grande do Sul ao longo de 12 dias consecutivos, que resultaram em prejuízos massivos. Apenas R$ 6 bilhões estavam cobertos por apólices, deixando uma lacuna de 83%. No período de 2022 a 2024, os desastres climáticos somaram R$ 184 bilhões em perdas para o país, evidenciando a urgência de ampliar o acesso e a oferta de proteção financeira diante de eventos ambientais mais frequentes e severos.
A retração da cobertura agrícola é outro ponto de atenção. A área segurada no Brasil caiu de 14 milhões para 7 milhões de hectares entre 2023 e 2024, e o seguro rural cobre atualmente menos de 8% das terras cultivadas. O aumento do prêmio médio por hectare — de R$ 100 em 2019 para R$ 500 em 2022 —, somado à maior incidência de eventos extremos e a cortes sucessivos no orçamento do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), contribuiu diretamente para essa queda.
O movimento torna produtores rurais e cadeias do agronegócio mais vulneráveis, reduz a produtividade, amplia riscos sistêmicos e dificulta a adoção de práticas sustentáveis.
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FONTE
CQCS

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